Correr é o exercício mais democrático do mundo. Digo isso porque a corrida pode ser praticada a um custo zero, no parque ou na praia; ou ainda dentro da academia, no condomínio fechado, ou pelo bairro.As condições climáticas não importam: faça chuva ou sol, você sempre vai encontrar um corredor empolgado fazendo seu exercício sem dar a mínima para o tempo que São Pedro reservou. Basta simplesmente calçar o tênis e… COMEÇAR!
Segundo dados do Ministério do Esporte, em 2015 a corrida de rua já atingia 6,5% dos brasileiros, sendo 11,90% de homens e 4,20% de mulheres – um número interessante, registrado logo no país do futebol!
Apesar de ser uma prática muito segura, a adaptação física ocorre ao longo do tempo – como em todos os esportes. Só quem já tomou a iniciativa de correr ou de treinar alguém para a corrida sabe o quanto isso requer paciência, respeito às limitações e intervalos regulares de descanso. Sem falar no quanto é importante dominar técnicas para evitar a dor, manter vitalidade e o conforto físico.
Pensando nisso, decidi escrever no post de hoje sobre como a preparação fascial pode atuar em corredores, sejam eles profissionais ou simples amantes do esporte.
Vou começar explicando como ela funciona no organismo e quais os benefícios a serem obtidos.
Primeiro passo: o que é a preparação fascial
Em um corpo sadio, o sistema fascial mantem o movimento, a fluidez e a coordenação. Agora, pense nas bases de um bom movimento. O que lhe vem à cabeça? Certamente você pensou na tridimensionalidade do gesto motor: enquanto o tecido muscular exerce sua força ele é orientado pela direção das fibras densas de colágeno , o tecido miofascial, que se traduz em movimento tridimensional.
Um dos conceitos mais utilizados para falar da difusão dos esforços tensionais mecânicos internos em seres vivos chama-se biotensegridade. Em biomecânica, ela significa uma propriedade presente nos seres vivos cujos componentes usam a tração e a compressão de forma combinada, proporcionando estabilidade espacial e resistência à tração.
Esses esforços tensionais ocorrem em todas as direções e ao mesmo tempo, por longas distâncias, porque o tecido conjuntivo (fáscia) possui, em seu elemento fluido, um material viscoso e elástico com características tixotrópicas e anisotrópicas. A esse material viscoso, damos o nome de substância fundamental.
O elixir da Preparação Fascial
A substância fundamental é o elemento chave para o trabalho de Liberação Fascial. Ela é o meio viscoso, hidrofílico e semelhante a um gel no qual as células e as fibras estão embutidas. É a viscosidade que contém substâncias importantes para os mecanismos imunológicos existentes no corpo.
Essa substância possui várias funções primárias. A primeira delas é sua alta proporção de água, o que permite difusão de nutrientes e resíduos. Já a segunda é fornecer uma barreira mecânica contra bactérias e microrganismos invasores, e a terceira é manter a chamada “distância crítica” da interface tecidual.
Sendo assim, as fibras de colágeno da fáscia que se aproximam umas das outras podem se aderir, caso estejam uma certa distância não seja mantida entre elas. Logo, concluímos que a substância fundamental fornece um volume ao tecido, mantendo a distância entre as fibras, prevenindo micro adesões e mantendo sua extensibilidade.
Vale lembrar que a base fisiológica da fáscia é a água e seu material de características amino-proteicas, entre eles o Hialuron ou o ácido hialurônico. Trata-se de um glicoaminoglicano não sulfatado hidrofílico, que funciona como material lubrificante no meio do tecido conjuntivo.
Liberação fascial para acelerar a recuperação
A liberação fascial consiste, portanto, em aplicar forças de tensão, tração e ou cisalhamento onde água livre é acionada, e hialuron ou ácido hialurônico é produzido. O sentido principal é dissolver adensamentos e aderências, propiciando movimento de deslizar. Desta forma, facilitamos a fluência dentro do corpo, garantindo mais flexibilidade, melhora de conforto físico e vitalidade.
As técnicas já consagradas geralmente realizada com as mãos ou com rolo de espuma. Podemos adicionar movimentos balísticos e alongamentos ativos, onde aplica-se a tensão em áreas do corpo mais exigidas durante a corrida, como coxas, parte de trás das coxas, panturrilhas, costas e ombros. O objetivo é reduzir pontos de tensão na fáscia e proporcionar maior liberdade entre ela e os músculos.
Porém, é preciso ficar atento ao praticante da corrida e a intensidade do exercício. Caso seja um atleta profissional que tenha acabado de terminar uma prova longa, por exemplo, ele sentirá dores durante o procedimento e será preciso regular o tempo e a pressão a ser utilizada. É importante compreender que a prática do manejo da hidratação pós exercícios ajuda à reparação tecidual. De qualquer modo, fique aberto ao paciente, porque cada caso é um caso.
Por isso, ressalto que a reidratação do tecido fascial e renovação tecidual durante a fase da liberação fascial será um tiro certo para garantir o bem-estar e a qualidade de vida do atleta.
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