Por Johannes Freiberg
Dos muitos temas que serão colocados à mesa durante o Fascia Experience 2019, o princípio da tensegridade e a mecanotransdução estarão certamente entre os mais discutidos.
Um dos temas centrais do Fascia Experience será sobre a mecanotransdução e sua função na regeneração de tecidos. Mas o que é a mecanotransdução de um modo direto e claro?
É entender o papel fundamental que forças mecânicas aplicam no controle biológico em nível molecular e celular. Estamos apenas engatinhando e cada descoberta deve ser comemorada.
Sabe-se que o corpo humano é organizado em um sistema mecanicamente metaestável. Ele se caracteriza pela regulação do equilíbrio das forças de tensão e compressão, que configuram a tensegridade. O corpo humano usa esta arquitetura para estabilizar sua forma e agregar a estrutura e função das células, tecidos, órgãos e demais estruturas. Deste modo, desde que células são estruturas dinâmicas, sua remodelação é parte de sua adaptação a diferentes tensões.
E durante este processo, são originadas trocas bioquímicas intracelulares a partir de forças empregadas por um sistema mecânico molecular, chamado mecanotransdução. Estas forças influenciam o crescimento e a morfologia dos tecidos e órgãos do corpo humano; os sinais mecânicos são transportados em decorrência de alterações na parede da membrana e alterações bioquímicas celulares. Como efeito, ocorre a modificação da parede da membrana por um estímulo mecânico.
Estudiosos de todas as partes do mundo pesquisam até que ponto os efeitos de mecanotransdução ocasionados por diferentes formas e graus de carga sobre as células podem ser influenciados por terapia manual. Contudo, há evidências de que a alteração de tensão de tecido local pode influenciar a cura pós-traumática, via mecanotransdução, como, por exemplo, por meio de mudanças na colagenase e/ou produção de TGF-β1*.
Além disso, esta situação de alterações dos estados das células também influenciam a propriocepção, modificando estruturalmente os mecanorreceptores localizados dentro da organização fascial e pode ser descrita como um “esqueleto de tecido mole” no qual os mecanorreceptores nos músculos se conectam às camadas fasciais, às quais os fascículos musculares se inserem como parte do processo de transmissão de força. Stecco e colaboradores (2007) demonstraram a presença de uma variedade de estruturas neurais na fáscia profunda – incluindo corpúsculos, de Ruffini e de Pacini. Isso sugere fortemente que a fáscia participa da percepção de postura, bem como de movimento, tensão e posição*.
Todas estas descobertas serão amplamente conversadas durante o nosso encontro. E será muito bom contar com profissionais interessados em participar das discussões.
Este e outros temas serão amplamente discutidos durante o Fáscia Experience 2019. Participe, confira a programação, clique aqui!