A paixão pelo esporte sempre moveu Maria Eugenia Ortiz, a Gegê. E tanto amor pelo movimento fez com que ela se tornasse uma especialista reverenciada, sobretudo pelo trabalho que vem realizando como fisioterapeuta da seleção brasileira de ginástica artística.
A base da sua metodologia é pautada pelo Rolf e pela Ginástica Holística®. Esta última se trata de um método que atua por meio da sensibilização e da tomada de consciência, conduzindo o aluno a utilizar da melhor maneira seu potencial perceptivo, sensorial e motor, propiciando uma atitude corporal harmônica. A Ginástica Holística® age simultaneamente sobre a respiração, o equilíbrio e o tônus muscular, contribuindo inclusive para melhorar todas as funções do indivíduo na sua unidade psicossomática.
A Universidade da Fáscia convidou Maria Eugênia para contar o que ela vem fazendo de novo no alto rendimento – um de seus principais públicos. Espero que gostem da entrevista ?
Universidade da Fáscia – Seu trabalho com alto rendimento é pautado pela ginástica holística® e pelo método Rolf. Como você tem aliado estas metodologias ao treinamento com a fáscia?
Gegê – Todo movimento e as manipulações realizadas em fisioterapia têm relação direta com a fáscia. Hoje estamos descobrindo como este tecido tão importante responde aos exercícios. No caso dos atletas de alto rendimento, meu objetivo é trazê-los para um outro momento, no qual eles possam eles experimentar padrões de movimentos novos e melhores.
Universidade da Fáscia – Como é possível obter estes padrões com este tipo de treinamento?
Gegê –Primeiro, é preciso entender que o atleta executa o exercício, mas não faz o movimento correto, de maneira funcional. No alto rendimento, não existe a preocupação de respeitar a congruência da articulação; o objetivo é atingir performance máxima: ganhar, acertar, saltar mais alto. Isso nem sempre respeita a questão da biomecânica, a capacidade de absorção de carga.
Sendo assim, busco reeducar o movimento, abrindo um caminho para que o corpo converse com o sistema nervoso. Meu trabalho visa acionar musculaturas estabilizadoras que nem sempre conseguem fazer o papel de estabilizar porque há um musculo maior predominando e atrapalhando o controle.
Universidade da Fáscia – Como você aplica ginástica holística® para os atletas?
Gegê – O trabalho começa pela exterocepção. Primeiro, estimulo o relaxamento para o indivíduo perceber tudo que está à volta dela, sobre tudo os sentimentos e percepções. Se está calor ou frio, se está relaxado ou cansado, entre outros pontos. Depois, eu o levo a experimentar o movimento como deveria ser, para que se perceba as características da execução. Será que o movimento está torcido ou limitado? Desta forma, o atleta tem oportunidade de encontrar o trilho correto. É quando colocamos carga.
Universidade da Fáscia – Para finalizar, o que você colocaria como seus maiores desafios?
Gegê – O primeiro deles é sair da constante preocupação que o atleta tem com o ganho de performance para vislumbrar a qualidade do movimento, realizado dentro de um padrão correto. É trazê-lo para este equilíbrio, que no alto rendimento é perdido a cada treino.
O segundo é que, no esporte, não conseguimos ser fiel ao modelo da ginástica holística® que realizamos no consultório de fisioterapia. Muitas vezes, temos apenas 10 minutos para fazer algo que levaria uma hora em condições normais. Por isso, costumo agir de forma pontual para corrigir determinada deficiência, para uma recuperação mais rápida.
É como fazer uma mágica para adequar o trabalho. Mas no final, dá certo.